O uso de medicações por via tópica (sobre a pele), é e sempre foi uma forma eficaz para tratar um bom número de patologias. Na forma de cremes, pomadas, géis ou loções (formas farmacêuticas mais comuns), o uso da via transcutânea para fins de tratamento, prevenção e até mesmo estética é amplamente utilizado em todo o mundo desde os primórdios das civilizações.
Apesar disto, a pele como tecido de proteção da superfície de nosso corpo, apresenta uma barreira físico-química própria que pode facilitar a penetração de alguns produtos lipofílicos (com maior possibilidade de se dispersar em óleos), do que outros conhecidos como hidrofílicos (produtos que se dispersam em água).
Muitas soluções já foram testadas para resolver este problema. Entre elas o uso de carreadores nas formulações que facilitariam a penetração daqueles ativos que costumam ter maior dificuldade de penetrarem. Carreadores podem ser, por exemplo, produtos que desestruturam a barreira de proteção da pele, facilitando assim a passagem transcutânea.
Dispositivos de pequeno porte que utilizam bateria e realizam ionização de fármacos são uma das soluções desde que os ativos estejam na forma ionizada (com carga negativa ou positiva em sua molécula). Na área médica que cuida tratamento da dor estas ferramentas são aplicadas com algum sucesso.
Técnicas com microagulhas são formas interessantes de realizar um delivery efetivo de fármacos através da pele sem o inconveniente da barreira cutânea. Atualmente o conceito mais utilizado é o que usa pequenos rolos com 150 a 200 microagulhas com comprimento que varia de 0,25mm a 1,5mm. Estes rolos, tais quais os rolos utilizados para pintar paredes, correm pela superfície da pele a ser tratada com discreta pressão exercida pela mão do médico que o aplica. Como as microagulhas ficam dispersas sobre a superfície destes rolos de forma organizada, cada movimento de vai e vem acaba criando um número elevado de microcanais que servirão de trajeto para a chegada mais profunda dos medicamentos utilizados sobre a pele imediatamente após a aplicação do rolo.
Estudos apresentados no último Congresso Mundial de Pesquisa em Cabelos por pesquisadores coreanos provou a efetividade do método na promoção de um delivery efetivo de fármacos diretamente na derme onde se localizam os bulbos capilares.
Antes mesmo destes estudos, o uso do rolo com microagulhas, conhecido atualmente como roller ou dermaroller, já era utilizado para tratamentos de quedas capilares. Porém, com pouca publicação específica de interesse em tricologia.
Como a técnica é muito pouco invasiva e com baixos índices de efeitos colaterais, o uso dos dermarollers acaba por ser uma opção segura no tratamento complementar das quedas capilares. Exceto pelo desconforto da aplicação do rolo sobre a pele que costuma ser dolorido e exigir algum tipo de analgesia (anestesia) localizada, o procedimento pode vir a ganhar um espaço importante no arsenal médico para tratamentos de quedas capilares resistentes aos tratamentos convencionais.
Referências:
Chang Kwun Hong, et al. Microneedle roller is effective medical device for enhancing transdermal drug delivery. Annals of 6th World Congress for Hair Research. Cairns - Australia - 2010.
Joo-hee A, et al.. The effect of disk-type microneedle arrangemente to drug delivery and application. Annals of 6th World Congress for Hair Research. Cairns - Australia - 2010.
Badran MM, Kuntsche J, Fahr A. Skin penetration enhancement by microneedle device (dermaroller) in vitro: Dependency on deedle size and applied formulation. Eur J Phgarm Sci. 2009;36(4-5):511-523
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